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8 de fevereiro de 2007

 

Cara de Milho por um mundo melhor



Continuando com minhas propostas para um mundo melhor. O Pedro entrou aqui no blog pedindo que eu criasse soluções para o analfabetismo e a corrupção política.


Analfabetismo

Bem, uma solução imediatista e radical seria diminuir o alfabeto, tornando-o mais fácil e rápido de aprender. E não me refiro apenas a excluir o H por inutilidade, o Z e o X por semi-inutilidade, e escolher apenas uma para ficar entre o C e o S ou entre o G e o J. Digo de um corte radical mesmo. Um alfabeto resumido a duas consoantes e duas vogais era mais do que suficiente. Talvez A, B, C, E. Acredito que formaríamos palavras suficientes com essas letras considerando um vocabulário cheio de polissílabas.

Para os literatos que se sentiriam ultrajados com tal mutilação do alfabeto (Gente insensível! É por um mundo melhor, cacete) uma outra solução seria possível desde que contássemos com a solidariedade de nossa população. Todo mundo sabe que um analfabeto é uma pessoa que teve que trabalhar durante a infância e por isso não teve tempo de estudar. A solução então seria levar a escola até o local de trabalho dessas crianças, já que não adianta nos iludirmos achando que elas vão deixar de ganhar seu dinheirinho no próspero ramo de vendedores de balas no trem para ir assistir aulas na escolinha. Não faltava mais nada! E quem bota dinheiro em casa? Seus pais? Me poupem. Onde já se viu disso? Pais trabalhando e os moleques lá no bem bom da escolinha da tia Cremilda? Além do mais, duvido que esses menores de idade sintam falta dos estudos. Escola é um saco. Eu quando era moleque morria de inveja dos meninos nos sinais que podiam passar o dia inteiro na rua sem ter que fazer dever de casa, sem ter que tomar banho, ganhando um dinheirinho e com uma bandejinha cheia de balas e chocolates. Ê vidão!

A solução seria alfabetizá-los enquanto trabalham. Ao princípio pensei em recrutar assistentes sociais pra ir ensinando a garotada nas plantações de cana, sinais de trânsito, rodoviárias e vagões de trens, mas o custo seria muito alto pro estado, visto que essa gente trabalha em diversos lugares e em turnos diferentes, logo precisaríamos de muita mão-de-obra pra ir perseguindo essa galera.

A solução seria espalhar cartilhas em locais estratégicos onde se concentra o trabalho infantil. Ou seja, encheríamos os vagões de trens urbanos com gigantes cartazes contendo as vogais, consoantes, dígrafos e "vovô viu a uva". Então contaríamos com a solidariedade da população para que entre uma balinha comprada e outra, uma cana cortada e outra, fossem educando a garotada. Exemplo:

- Ei, garoto! Quanto tá a 7 Belo?

- 5 centavos.

- Te compro a 6 centavos se você me disser que letra é aquela ali na parede, mas se você errar tem que me vender por 2 centavos. Tá bom?

- Tá.

- Que letra é aquela?

- B

- E aquela outra?

- A

- B com A faz..?

- BA

-Muito bem. Toma aí 12 centavos por dua balas. E aquela letra?

- C

- E aquela outra?

- O

- C com O faz ...?

- SÓ.

- Errou. Se fudeu. Toma um real e me dá cinquenta balas.



A mesma técnica só precisaria algumas adaptações para ser utilizada nas plantações de cana:



- Vamos lá. Hoje você vai cortar só cem metros quadrados da plantação. Se me disser como se escrevem as palavras que eu for ditando eu deixo você cortar só noventa e oito.

- Tá.

- Mas se errar tem que cortar trezentos metros e deixar eu ficar com sua marmita.

- Tá.

- Bola.

- B - O - L - A

- Anti-séptico.

- A - M - T ...

- Tudo errado. Pode parar! Que tu trouxe hoje pra comer?

- Feijão com farinha.

- Só isso? Aquele teu amigo que sempre traz coisa boa de comer tá aonde?

- O Reginaldo? Tá ali.

- Vou lá ver se ele tá bom no ABC.


Insensibiliades à parte (tudo que arde, cura) alguém duvida que os moleques se motivariam rapidinho pra aprender a ler e escrever?





Corrupção política

Pra acabar com a corrupção precisaríamos antes de mais nada parar de eleger essa gente, já que uma vez lá dentro o cara já ganha imunidade, já tá ganhando dinheiro à rodo pra subornar e etc. Pra acabar de eleger essa gente tem que acabar com a democracia, que como todos sabemos, não dá certo, é fato. Calma, não vou defender nenhuma ditadura, vou simplesmente propor uma democracia mais seleta.

Responda com sinceridade. Você sabe pra que serve um deputado? E um senador? Você sabe se o problema é do governo federal, estadual ou municipal? Eu confesso que não sei nada disso que perguntei agora. E olha que eu leio bastante, sou de classe média, enfim, estou longe de ser um imbecil completo, mas se eu não sei nada de política, imaginem o povão. Pergunto: Porque eu e essa gente temos o direito de votar se nem sabemos o que estamos escolhendo? Exijo imediatamente que cassem meu título de eleitor, já que não faço dele o uso apropriado. Pra falar a verdade eu não faço uso nenhum, já que não voto há mais de quatro anos porque moro fora do Brasil e eu que não vou pegar um avião até Barcelona pra ir lá no consulado votar.

Enfim. Temos que acabar com esse lance de deixar ignorantes votarem (eu incluído). Você pra dirigir um carro tem que provar ao governo que sabe dirigir, verdade? Pra entrar numa universidade pública você tem que provar que estudou, verdade? (Bem, você também pode se declarar negro e entrar com as cotas, mas isso é outra história). Então pra votar você também tem que provar que está apto pra isso. Sugiro o fim do título de eleitor e o início da carteirinha de votante.

Pra tirar a carteirinha você ia ter que ralar, amigo. Ia ter que assistir aulas de história, geografia, economia, sociologia, política, etc. Ia ter que provar que sabe o que é esquerda e direita, ideologia de cada partido e as propostas de cada candidato. Em época de eleições ia ter que assistir comícios e debates. Tudo ali carimbadinho no seu cartão de votante. Mais de três faltas em qualquer desses eventos é cancelamento de carteirinha e aí você rala o tchan pra conseguir outra. E nada de achar que uma vez com a carteirinha na mão é só sair por aí votando no Eurico Miranda, nã nã não! A carteirinha é renovada cada ano. Tem que continuar assistindo aulas de política atual pra provar que está bem informado com os acontecimentos contemporâneos, senão perdeu playboy.

Com tanta burocracia e encheção de saco quero ver se qualquer mané vai se meter a tirar carteira de votante só pra votar no dirigente do seu clube de futebol ou se a mulherada ia perder vários fins de semana de praia (as aulas tinham que ser nos fins de semana) só pra votar no Collor porque ele é bonito. O número de eleitores ia cair vertiginosamente, mas ia ser só gente consciente.

Claro que para se eleger a qualquer cargo político o candidato também passaria por um seleto exame de conhecimentos políticos. Acabar com isso de qualquer zé das couves se candidatar falando merda no horário eleitoral. É hora disso virar folclore. Política hoje em dia é o ramo que o pai quando é rico coloca seu fiilho pra seguir caso ele não esteja afim de trabalhar ou estudar. Digo isso porque vi com meus próprios olhos. Dois amigos meus que se meteram em política eram filhinhos de papai que não queriam porra nenhuma com nada e seus pais optaram então por lançarem os moleques na vida política. Cheguei até a comentar aqui no blog sobre um desses caras. Tá aqui pra quem quiser ler. É nas mãos de gente assim que a gente está.

Uma vez estabelecido esse sistema, era só aplicar aquelas medidas de prevenção que todos conhecemos, só para o caso de ainda assim ter gente cretina se elegendo:

- Pena de morte para crime político

- Detector de mentiras em cada depoimento

- Anotação de todas as promessas do candidato antes da eleição. No final seriam analisadas se todas foram cumpridas. Em caso negativo, buscaríamos uma pena exemplar. Desde trabalhos forçados até a devolução de toda a grana que ele ganhou nos quatro anos que ficou no cargo.

- Microcâmeras acopladas 24 horas ao corpo de cada político durante todo o mandato. Big Brother mesmo. Geral vendo você cagando, dando a bunda, batendo punheta..É o preço da confiança que o povo depositou em você. Se não agüenta, vaza.

Pronto. Já era um bom começo. O resto das idéias iam surgindo com o tempo.


Continuem mandando problemas mundiais que Cara de Milho soluciona pra você. De momento está pendente o pedido da Yasmin sobre como combater o Desmatamento.




***



O cartunista Andre Drahmer do excelente blog dos Malvados criou um site chamado RioBodyCount pra calcular o número de mortes no estado do Rio de Janeiro. A contagem começou dia 1 de fevereiro e já temos 85 mortos e 39 feridos. Eu estou apoiando a iniciativa dele. Quem quiser colaborar com a contagem, eles estão recrutando voluntários. Eu a partir de agora deixarei o logotipo do site deles aqui no blog pra dar uma ajudinha a divulgar. Sofri os efeitos da violência no Rio na pele, e sou consciente que o que aconteceu comigo foi fichinha (fichíssima) se comparado com o que o anda acontecendo nesse estado. Pra terminar vou deixar uns links que mostram mais ou menos o que estou dizendo.

Confronto com traficantes no Morro do Macaco

Rotina de um policial no Rio (Cenas muito fortes)



Comments:
Sr. Corn Face, tá de parabéns pela proposta sobre a questão eleitoral.
Ainda que ela venha a reduzir nossos eleitores ao expressivo número de.... três, acho que é a coisa mais sensata que já li a respeito em toda a minha vida.

E cá pra nós, eu sou a primeira a rasgar meu título de eleitor, e com muito orgulho.
 
meus sinceríssimos parabéns pela idéia da questão eleitoral. Devíamos fazer um plebiscito para aprovar isso aí. Hm, pensando bem, plebiscito não. A não ser que a gente explicasse pro povão na campanha (no intervalo da novela) todas as vantagens que eles teriam por não ter mais que sair de casa de dois em dois anos.
 
Esse sim eh um bom politico, atendendo as vontades do povo! vlw pelo reconhecimento...tudo bem que eu fui o unico q deu ideia neh...naum tinha grandes opções...Vou mostrar pros meus amigos!!!! eeeeee...melhor que ser publicado no charges.com!!!!esse aki vai fikar 1 mês inteiro!!!!
 
Muito obrigado a todos que apreciaram a idéia.

E, Pedro. Aqi no Cara de Milho os pedidos costumam ser atendidos, pelo menos enquanto eu tenho poucos leitores e posso dar conta da demanda.
 
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