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12 de outubro de 2006

 

Realismo fantástico




Vou tentar começar uma nova série. Nela vou relatar fatos bizarros da vida real, que poderiam muito bem ser ficção.



Covarde, quem?

Estava eu no município de San Antônio aqui na ilha de Ibiza tomando umas cervejas com um amigo perneta. San Antonio é conhecido por ser o lugar onde mais se encontram ingleses, e também pelo fato de ser onde mais se encontram bêbados, e se vocês vierem pra Europa verão que estes fatos estão interligados.
Pois, bem, estávamos meu amigo perneta e eu. Nada contra pernetas e nada engraçado nisso também, só que essa característica dele é fundamental na história. Renato (mudei o nome porque ele é de cidade pequena, e tem muita gente dessa cidade que lê meu blog), meu amigo, chegou na Espanha com as duas pernas, mas, sofreu um acidente de moto logo no primeiro ano em Ibiza e perdeu uma perna, a direita. Quem o conheceu antes diz que nunca mais foi o mesmo. Renato era brigão e forte. Inclusive no Brasil costumava trabalhar como segurança, detetive particular, informante da polícia, caminhoneiro e peão de cobrança. Sabe o que é um peão de cobrança? É um cara contratado para "persuadir" um sujeito que demora em pagar uma dívida.
Depois do acidente Renato emagreceu, entrou em depressão, mas, continuou brigão, só não tinha mais adversários pra ele, já que ninguém sai por aí brigando com um homem de uma perna só.
Voltando à história, nesse dia havíamos bebido o suficiente e estávamos indo de volta pra casa, e foi só entrar no carro e aparece um inglês bêbado (redundância), mas, muito bêbado mesmo, até para um inglês ele tava muito bêbado. O sujeito aparece na janela do carro, resmunga umas coisas que eu não entendo e dá uma bicuda na lataria do carro do Renato e vai embora. Ficamos ali mudos sem entender nada.

- Que que ele falou, Thiago?
- Sei lá.
- Mas tu não fala inglês, cacete?
- Porra! Tu acha que isso que ele falou é inglês?
- Que que é então?
- Sei lá. Língua de bêbado, e eu bebi muito pouco pra entender.
- Mas, ele chutou meu carro.
- É! Tá bêbado. Deixa ele. Acho que tu havia deixado mal estacionado.
- Deixa ele? Deixa ele o caralho. Vou lá conversar com esse cara.

E foi Renato buscar o inglês. Eu fui atrás e ficava pensando: "Pô! Um bêbado vai brigar com um perneta, quem é o covarde nessa porra?" Daí começou a discussão entre eles e eu cheguei logo atrás. Nisso, eu já havia chegado a algumas importantes conclusões:

1 - A vantagem é do inglês. Porque o Renato além de só ter uma perna, também está bêbado.
2 - Ainda que o Renato estivesse sóbrio. É só ficar correndo em volta dele, não tem como ele te acompanhar com uma só perna.
3 - Ainda em desvantagem, Renato pode ganhar a briga e recuperar sua auto-estima, e isso é bom.
4 - Não há nada de mal em levar uns cacetes de vez em quando, mas, se o Renato estiver apanhando demais eu separo.
5 - Alcoolismo é doença. Perder a perna é uma desgraça. Mas, não adianta, a comicidade da cena era maior que qualquer tragédia.
6 - É a grande chance do Renato encontrar alguém pra brigar, já que o inglês deve estar vendo tudo em dobro, então pensará que seu oponenete tem duas pernas (e quatro braços, mas, isso é detalhe).

Então fiquei ali assistindo à distância de uns dez metros. Só chegaram a trocar empurrões, não teve sopapo. Na verdade o grande apaziguador da briga foi o próprio inglês, quando quebrou uma garrafa de cerveja no balcão e, daí sim, tirou qualquer dúvida em saber quem levava vantagem ali. A turma do "deixa-disso" chegou logo depois.

Até hoje acho que o Renato se livrou de uma grande surra, mas, nunca falei isso pra ele.

Comments:
Manero!!!
 
Nossa eu ri muito da sua história...
Tenta continuar, muito boa.
 
huhuhuh! Muito boa mesmo!
Só uma curisidade... Ele perdeu a perna numa 125?
É por isso que menor não pode pilotar...
 
Joel:

Obrigado e volte sempre

Thaís:

Vou buscar outra legal pra contar.

Vinicius:

Não sei que moto ele perdeu a perna, sei que era uma dessas de motocross. Ele nao era menor de idade.
 
Ainda bem neh... Se fosse de menor possivelmente teria perdido a vida.
 
Não sei pq motivos fiquei tanto tempo sem vir aqui. Achei a história divinamente engraçada. Thiago, parabéns! Cara de milho vale mil visitas! Ri demais. Humor extremamente inteligente! Valeu!
 
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