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8 de outubro de 2006

 

Contos


O rosto de Deus sobre as nuvens
(Autor: El hombre maíz)

Padre Inácio tinha o privilégio de ser o único homem na Terra que falava diretamente com Deus. Apenas ele tinha a certeza de sua existência, já que escutava e aconselhava o Criador cada noite, mas, ninguém sabia desse detalhe, tanto padre Inácio como Deus eram pessoas muito discretas.

Um dia o padre diz que grande parte dos pecados do mundo são gerados pela dor e que essa dor era causada justamente por essa ausência divina, e recomendou que Deus desse uma pequena amostra de sua presença, um simples sinal, para que assim trouxesse um pouco de conforto para a humanidade e nos aliviasse do peso da existência.

E foi então que na manhã seguinte Deus apareceu no céu para todas as pessoas. Não que sua imagem cobrisse todo o céu, simplesmente se posicionou num ponto estratégico onde a qualquer hora e em qualquer posição do globo bastava empinar um pouco o nariz para localizá-lo, afinal, ele era Deus e entendia dessas coisas.

E naquela manhã todos despertaram baixo a mirada enigmática do Senhor. Tinha uma expressão tão segura que ainda que ninguém nunca tivesse visto seu rosto, todos sabiam que aquele era Deus.

Todo habitante da Terra viu o rosto de Deus naquela manhã, mas, todos guardavam a surpresa para si, como fosse um segredo irrevelável. Ninguém comentou com a pessoa ao lado sobre a aparição. A alegria em certificar-se de sua existência durava breves segundos, logo vinha o medo e uma busca por desvendar o porquê de Deus aparecer no céu naquela manhã. O medo fez com que intrepretassem o olhar confiante do Criador, como um olhar desafiador. Todos achavam que Deus aparecera como uma advertência sobre algo de errado que estávamos fazendo. E como todos eram conscientes que faziam algo errado cada dia, naquela manhã houve quem não quis fazer nada e houve quem decidiu fazer o oposto do que andava fazendo.


Então, enquanto alguns ficaram imóveis dentro de suas casas, outros passaram a viver ao revés. O doutor matou, o ladrão prendeu, o policial roubou, a freira deu, a puta vestiu, o poeta apagou, o cliente serviu, o garçon pagou.

E quando Padre Inácio despertou e viu a tamanha confusão que havia no mundo, apenas olhou pro céu desanimado:

- Mas tu manda uns sinais que são de doer, né!?


Comments:
Adorei o conto!
Mt maneiro, parabéns!
abraços!
 
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