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21 de outubro de 2006

 

Cara de milho recomenda


Passei toda a semana planejando a viagem pro Brasil, e dei uma escapada do blog. Continuo um pouco atrapalhado, já que cada vez que ligo pros meus pais tenho que fazer um roteiro diferente. Mas, enfim, pra não dizer que abandonei vocês de vez, vou deixar umas dicas de filmes que andei assistindo. Tudo, é claro, sem aquela frescura de crítico de cinema, comigo é papo reto.

American Splendor - Assisti indicado pelo cartunista Allan Sieber em seu blog. é meio filme e meio documentário sobre a vida de Harvey Pekar, um carinha que escreve roteiros para cartuns. Tudo muito simples, nada de idealizações, nada de fantasia, a vida como ela é. Assim como seus cartuns, que são todos baseados em acontecimentos cotidianos.

O que é bom - Tudo

O que é ruim - Nada, desde que você saiba que apegar-se à realidade, abdicar da fantasia ou qualquer outro tema abordado é apenas o ponto de vista dele, não precisa concordar.



Janelas da alma - Documentário sobre a cegueira e pessoas com problemas de visão em geral.

O que é bom - Lembraram do Saramago para participar no documentário. Nada mais justo, afinal, é o autor de Ensaio sobre a cegueira, livro espetacular. No mais, todos os outros protagonistas são bacanas. Tem um fotógrafo cego, e tem um mineirinho cego que conta histórias bacanas, como a do dia que salvou sua filha de morrer afogada.

O que é ruim - Contradizendo a mim mesmo, o único fraco do filme é o Saramago dando faniquitos com seus discursos de extrema esquerda de que o fim está próximo e que a humanidade está perdida. Há uma cena que ele fala umas insanidades sobre a inutilidade do excesso de informação através da internet e da tv a cabo que é de doer.
Enfim, Saramago, vai escrever, que isso você faz bem.



Palíndromos - Fala de uma mina que fica grávida e a mãe pede que ela aborte. Ela aceita, mas, depois foge de casa.

O que é bom - Boa história, bom roteiro. São poucos os filmes em que não separam o bem e o mal. Em geral, você é apresentado ao mocinho e ao bandido e já sabe pra quem torcer. Em Palíndromos, pessoas bem intencionadas fazem coisas ruins, não por maldade, mas, por estarem cegas pelos sus ideais e crenças.

O que é ruim - A protagonista é interpretada por várias atrizes no decorrer do filme. Recurso intelectualóide, que segundo ouvi falar, já foi usado por Luis Buñuel, mas, não pude comprovar porque já joguei a toalha pra Luis Buñuel há muito tempo. Não assisto filmes que eu sou obrigado a gostar se não quero levar fama de ignorante.
Enfim, não que essa jogada do diretor chegue a atrapalhar, mas, fica pedante, como se ele tivesse gritando pra que lhe considerem genial. Não há nada mal em ter idéias inovadoras, desde que elas venham naturalmente, mas, quando você apenas maquia uma idéia regular por puro capricho pra que pareça genial, fica bem babaca.



A coisa - Tá lembrado daquele filme do iogurte que na verdade era um alien assassino? Pois é esse mesmo.
Mais uma vez sou vítima de minha onda revisionista de assistir coisas que eu gostava quando era criança e que hoje eu suspeito de que eram uma grande bosta. Sinceramente não sei qual era o meu critério quinze anos atrás pra julgar se algo era bom ou ruim, só sei que graças às minha crises nostálgicas perdi preciosos momentos dos meus vinte e poucos anos reassistindo filmes dos trapalhões e capítulos de jaspion. A coisa foi a gota d'água.

O que é bom - Bom mesmo só a lembrança que o filme traz de uns tempo que eu era criança, nada mais.
Ah, quando aparece os comerciais na TV anunciando o iogurte-alien-assassino é bem engraçado. Bem paródia mesmo dos comerciais de refrigerante do final dos anos 80.

O que é ruim - Tudo. Pra começar, péssimos atores. O mocinho da história que é um típico detetive sabichão boa pinta é uma comédia. Nas cenas de diálogos fica claro que os atores estão prendendo o riso, como se dissessem para o outro: "Em que roubada nos metemos, hein!? Deveríamos continuar fazendo teatro!"
Segundo: história sem nexo e mal explicada. Por que os aliens matam as pessoas? Por que o carinha comercializa o produto se sabe que matará todas as pessoas, inclusive ele mesmo?
Terceiro: As cenas não tem nenhuma continuidade. Você tem que supor o que aconteceu entre uma cena e outra, já que não explicam, simplesmente cortam. A moça que estava dormindo num quarto, aparece na cena seguinte numa outra sala sendo atacada pela coisa e você que se vira pra imaginar o que aconteceu nesse meio-tempo, como o bicho foi aparecer ali, por que ela foi pra sala, etc.

Curiosidade: Há um cinema em Madrid só para filmes alternativos. Cobram um euro a entrada e é ótimo pra quem tá com insônia, já que nada melhor pra dormir do que uma sessãozinha de cinema tcheco ou uma boa sequência de curta-metragens coreanos. Uma vez eu tinha acabado de ser bombardeado por uma sessão que incluía um curta-metragem australiano, e tava indo embora quando paro pra pegar um panfleto na saída do cinema com a programação para a semana seguinte. Dizia que homenageariam um excelente diretor que havia sido excluído do alto circuito porque seus filmes eram genias demais, era o típico caso do gênio incompreendido e blá blá blá. Continuei lendo intrigado, e, até mesmo interessado, por que não? Afinal, era um gênio. Termino de ler toda aquela puxação de saco, e lá no final do panfleto colocam sua filmografia. Que que eu encontro entre suas grandes obras? A Coisa (The Stuff) ! Isso mesmo. Eu que sou idiota, A coisa é um filme genial. Aquilo que eu assistia na tela quente das segundas-feiras da minha infância era uma obra-prima e eu nem sabia. Francamente.



***


Continuando com meus links de pé de página que fogem totalmente do contexto vou deixar uma matéria bem interessante pra vocês lerem.
Como no post abaixo eu falei sobre mensagens subliminares e muita gente não entendeu minha ironia quando disse que a mensagem do primeiro vídeo era sutil.
E como também devo ter deixado a má impressão de que eu acredito/temo/me importo com mensagens subliminares, recomendo esse texto de um cientista que explica bem toda essa paranóia típica de fundamentalistas religiosos.

Leiam aqui a matéria e nunca mais percam seu tempo botando discos pra girar ao contrário. Reparem que há três matérias sobre mensagens subliminares, todas merecem atenção.

Comments:
é engraçado que as pessoas levam o conceito de mensagem subliminar só para o lado tosco. Tá que é um comentário de quem não leu a matéria que vc indicou ainda,só vi por cima. Até na lei brasileira há uma vedação do uso de mensagens subliminares (mas como em tudo na lei brasileira, não se especificou o que venha a SER mensagem subliminar, e os próprios autores não chegam a um consenso). Como com certeza tem no texto, o uso de imagens de 1 frame em 30 de "bebas coca colas" e os disquinhos rodados ao contrário com mensagens paranóicas (mas é legal, eu realmente perdia tempo no trabalho fazendo isso e as musiquinhas do balão mágico eram uma beleza no quesito!)deve estar bem citadinho. Até concordo que muita coisa deve ser considerada mesmo bullshit, toda essa coisa religiosa que vc citou mesmo, mas o fator subliminar não é de todo irrelevante e é ainda o que mais comanda no design (psicodinâmica das cores, formas) assim como ainda tem todo um sentido nas artes plásticas. Enfim, nem tudo é lixo e muito ainda é usado em profissões como as do designer e do publicitário de forma ética e bem sucedida, diga-se de passagem.

Falar nisso, o filme do Buñuel que vi que rolava isso dos atores que vc disse no Palíndromos é o Este Obscuro Objeto de Desejo.Só que neste eles mudavam a atriz quando a índole do personagem mudava (ela ficava má e tal). É assim nesse? E ah, que é isso, nem é intelectualóide (tá, é.)ficar brincando de jogo das metáforas nos filmes do Buñuel. Esse por sinal é bem divertido.
 
Nem religiosos nem publicitários. A mensagem subliminar clássica (aquela de colocar um frame solto que te convence a comprar pipoca no meio de um filme) não tem nenhum efeito, e foi o próprio inventor desse tal método que assumiu seu fracasso.
Mas enfim, esse lance das cores e tal são outra história, demoraria muito pra explicar, e já tem um site com um cientista explicando isso de maneira muito mais claro do que eu.
Como você mesmo disse: comentário de quem não leu a matéria. Pô, Marília!
 
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